sexta-feira, 5 de junho de 2009

O Servir

Disseram-me que a vida é escuridão; e no vosso cansaço repetis tudo o que os cansados disseram.


Eu vos digo que a vida é realmente escuridão; exceto quando há impulso. E todo saber é vão; exceto quando há trabalho.

E todo trabalho é vazio; exceto quando há amor.


E quando trabalhais com amor, vós vos unis a vós próprios e uns aos outros.


E o que é trabalho com amor?


É tecer o tecido com fios desfiados de seu próprio coração, como se vosso bem amado tivesse que usar este tecido.


É construir uma casa com afeição, como se o vosso bem amado tivesse que habitar nela.


É semear as sementes com ternura, e recolher a colheita com alegria,

Como se o vosso bem amado fosse comer-lhe o fruto.


É por em todas as coisas que fazeis um sopro de vossa alma.


Muitas vezes, ouvi-vos dizer como se estivésseis falando em sonho: “aquele que trabalha no mármore e encontra na pedra a forma de sua alma é bem mais nobre do que lavra a terra. E aquele que agarra o arco-íris e estende na tela em formas humanas é superior àqueles que confeccionam sandálias para vossos pés”.


Porém vos digo, não em sonho, mas no pleno despertar do meio dia, que o vento não fala com mais doçura aos carvalhos gigantes do que a menor das folhas da relva.


E grande é somente aquele que transforma ulular do vento numa canção tornada mais suave pelo seu próprio amor. O Trabalho é o amor feito visível.


E se podeis servir com amor, mas somente com desgosto, melhor seria que abandonásseis vosso trabalho e vos sentásseis à porta do templo a solicitar esmolas daquelas que servem com amor e alegria.

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