sexta-feira, 26 de junho de 2009

Haja o que houver

Na Romênia , um homem dizia sempre a seu filho:


- Haja o que houver, eu sempre estarei a seu lado.


Houve, nesta época, um terremoto de intensidade muito grande, que quase alisou as construções lá existentes. Estava nesta hora este homem em uma estrada.


Ao ver o ocorrido, correu para casa e verificou que sua esposa estava bem, mas seu filho nesta hora estava na escola. Foi imediatamente para lá, e encontrou o local totalmente destruído. Não restou uma única parede de pé. Tomado de uma enorme tristeza, ficou ali ouvindo a voz feliz de seu filho e sua promessa (não cumprida): "Haja o que houver, eu estarei sempre a seu lado".


Seu coração estava apertado e sua vista apenas enxergava a destruição. A voz de seu filho e sua promessa não cumprida o dilaceravam. Mentalmente, percorreu inúmeras vezes o trajeto que fazia diariamente segurando sua mãozinha. O portão, que não mais existia, o corredor. Olhava as paredes, aquele rostinho confiante. Passava pela sala do 3º ano , virava o corredor e o olhava ao entrar.


Até que resolveu fazer em cima dos escombros o mesmo trajeto. Portão, corredor, virou à direita e parou em frente ao que deveria ser a porta da sala. Nada! Apenas uma pilha de material destruído, nem ao menos um pedaço de alguma coisa que lembrasse a classe. Olhava tudo desolado.


E continuava a ouvir sua promessa:


"Haja o que houver, eu sempre estarei com você".


E ele começou a cavar com as mãos. Nisto chegaram outros pais, que embora bem intencionados, e também desolados, tentavam afastá-lo de lá, dizendo:


- Vá para casa. Não adianta, não sobrou ninguém.


- Vá para casa.


Ao que ele retrucava:


- Você vai me ajudar?


Mas ninguém o ajudava. Pouco a pouco, todos se afastavam. Chegaram os policiais, que também tentaram retirá-lo dali, pois viam que não havia chance de ter sobrado ninguém com vida. Existiam outros locais com mais esperança. Mas este homem não esquecia sua promessa ao filho, a única coisa que dizia para as pessoas que tentavam retirá-lo de lá era:


- Você vai me ajudar?


Mas eles também o abandonavam. Chegaram os bombeiros, e foi a mesma coisa...


- Saia daí, não está vendo que não pode ter sobrado ninguém vivo? Você ainda vai por em risco a vida de pessoas que queiram te ajudar pois continuam havendo explosões e incêndios.


Ele retrucava :

- Você vai me ajudar?


- Você está cego pela dor e não enxerga mais nada.


- Você vai me ajudar?


Um a um todos se afastavam. Ele trabalhou quase sem descanso, apenas com pequenos intervalos, mas não se afastava dali. 5h, 10h , 12h, 22h, 24h, 30h se passaram. Já exausto, dizia a si mesmo que precisava saber se seu filho estava vivo ou morto. Até que ao afastar uma enorme pedra, sempre chamando pelo filho, ouviu:


- Pai... estou aqui!


Feliz, fez mais força para abrir um vão maior, e perguntou:


- Você esta bem?


- Estou. Mas com sede, fome e muito medo.


- Tem mais alguém com você?


- Sim, os da classe 14 estão comigo. Estamos presos em um vão entre dois pilares. Estamos todos bem.


Apenas conseguia ouvir seus gritos de alegria.


- Pai, eu falei a eles: Vocês podem ficar sossegados, pois meu pai irá nos achar. Eles não acreditavam, mas eu dizia a toda hora: haja o que houver, meu pai, estará sempre a meu lado.


- Vamos, abaixe-se e tente sair por este buraco .


- Não! Deixe eles saírem primeiro...


- Eu sei; que haja o que houver...


- Você estará me esperando!


Como todo pai bondoso, Deus está sempre por perto, pronto a lhe socorrer e proteger em todos os momentos. Por mais que as pessoas a sua volta tentem desanimá-lo, não se abale, siga em frente e confie no amor do Pai eterno.

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